Gabe Newell, uma das figuras mais influentes e bilionárias da indústria, conhecido por ser cofundador e CEO da Valve, a gigante por trás de jogos icônicos e da plataforma Steam, revelou recentemente insights cruciais sobre o sucesso corporativo. Em uma entrevista inédita ao canal de Zalkar Saliev, Newell destacou que a operação da Valve como uma empresa fechada tem sido fundamental, permitindo um foco inabalável no consumidor. Ele aproveitou a oportunidade para criticar abertamente a cultura de crescimento desenfreado e a busca por investimento que dominam o ecossistema das startups de gaming. Esta perspectiva oferece uma análise profunda sobre o que realmente impulsiona a longevidade e prosperidade em um cenário tão competitivo como o de desenvolvimento de jogos.
Para Gabe Newell, a receita para a construção de um negócio robusto e duradouro, como a Valve, reside na priorização absoluta do público. Ele argumenta que a essência está em desenvolver produtos que os usuários genuinamente amem e desejem consumir, criando valor intrínseco para as pessoas. Segundo Newell, buscar incessantemente agradar investidores com “ideias mirabolantes” desvia o foco principal, que é o jogador final. Para qualquer empresa, especialmente no setor de games, a conexão com a base de jogadores é inegociável para garantir o sucesso a longo prazo. Um bom negócio, segundo ele, deve “ignorar todas as distrações” que impeçam os consumidores de ficarem felizes.
“Se você ouvir seus clientes e se focar neles, é ridiculamente mais fácil construir um negócio. Mas o foco deve ser sempre neles, e em seus parceiros, e em seus funcionários”, afirmou Gabe Newell.
Isso, de fato, destaca a importância de uma base sólida de produto antes de buscar capital externo. Essa filosofia é a espinha dorsal do sucesso da Valve, que, diferentemente de muitas startups de tecnologia, optou por um crescimento orgânico e centrado no valor real.
Newell não poupou palavras ao criticar a mentalidade de “crescimento a qualquer custo” frequentemente observada no ecossistema das startups. Ele sugere que essa abordagem, onde o principal objetivo é criar um “documento de apresentação para investidores para levantar capital”, pode levar a uma espiral de promessas vazias e, consequentemente, a um grande desperdício de recursos. Empresas que priorizam a captação de investimento antes da entrega de valor correm o risco de se perderem em um ciclo de falsas expectativas, afastando-se do desenvolvimento de produtos focados no usuário.
“Vejo muitas pessoas entrando em situações pensando que o que elas precisam é um documento de apresentação para investidores para levantar capital. E esse é um começo bem distraído para uma organização.”
“Acredito que essa é uma ótima maneira de destruir um bando de dinheiro e desperdiçar o tempo de muita gente”, disse Newell, referindo-se à busca incessante por capital sem um produto sólido.
Dessa forma, ele enfatiza que a busca por crescimento exponencial, sem uma base sólida de satisfação do cliente, é uma estratégia arriscada e, por vezes, autodestrutiva para o negócio de games e para o desenvolvimento de novos produtos e serviços em geral. O fundador da Valve defende que a honestidade e a integridade com os consumidores são muito mais valiosas do que o brilho efêmero dos investimentos em startups.
Curiosamente, Gabe Newell também compartilhou detalhes de sua rotina atual, que ele descreve como uma “semiaposentadoria”. Ela envolve acordar, trabalhar um pouco, mergulhar no oceano e depois voltar a trabalhar um pouco mais. Essa rotina peculiar demonstra seu prazer no trabalho e a liberdade que a estrutura da Valve oferece. Ele divide seu tempo entre o trabalho na Valve e, surpreendentemente, projetos ambiciosos em inteligência artificial e neurociência. Por exemplo, ele está envolvido na iniciativa Starfish Neuroscience, que visa implantar chips cerebrais em pessoas, um projeto que desafia empresas como a Neuralink.
“Eu gosto de trabalhar, é divertido, para mim não parece como trabalho. Os tipos de coisas que eu posso fazer todos os dias são super incríveis”, explicou Newell.
Esta abordagem equilibrada da vida e do trabalho reflete a filosofia da Valve, que valoriza a criatividade e a paixão em vez da pressão constante por resultados financeiros imediatos. A dedicação a projetos inovadores além dos games mostra um pensamento holístico sobre o futuro da tecnologia e como a visão de um líder pode impactar múltiplos setores.
As observações de Gabe Newell servem como um lembrete crucial para todo o mercado de tecnologia e, em especial, para a indústria de games. Em síntese, a lição é clara: o verdadeiro valor reside em criar produtos e experiências que cativem os usuários, em vez de se perder na corrida por investimentos e avaliações inflacionadas. Consequentemente, empresas que adotam essa mentalidade tendem a construir bases mais sólidas e a prosperar a longo prazo, solidificando seu lugar no coração dos consumidores. Esta perspectiva pode moldar o desenvolvimento de novos projetos e o comportamento de outras gigantes da indústria, incentivando um crescimento sustentável e focado no usuário.
Para saber mais sobre os bastidores da indústria de games e as polêmicas entre seus líderes, confira também: Fundador da Epic Games chamou Gabe Newell de imbecil em e-mail de 2018.
A visão de Gabe Newell ressoa como um guia para um futuro mais sustentável no desenvolvimento de tecnologia e games. O que você pensa sobre a cultura das startups e o foco no consumidor? Deixe seu comentário abaixo!